quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por dentro das Constelações

Hemisfério Sul
até há cerca de 600 anos, esta pequena constelação (a mais pequena do céu oficial) era classificada como fazendo parte da constelação Centauro, tal como estabelecia Ptolomeu em Syntax (Almagest). Mil e quinhentos anos mais tarde, em 1679, o astrónomo Royer passa a classificar este belíssimo e útil agrupamento de estrelas como uma constelação autonoma  - a Crux
para além das quatros estrelas brilhantes que formam a cruz, a constelação acolhe ainda uma rara nebula escura, um espectacular grupo de estrelas (cluster). E um notável binário
A cruz do Cruzeiro do Sul é formada por 4 brilhantes estrelas—Alpha Crucis ou Acrux (magnitude visual 0.72), Beta (1.2), Gamma (1.6) e Delta (2.8)
epsilon, uma quinta estrela bastante menos brilhante (3.6) perturba ligeiramente a simetria da cruz. Alpha, Beta e Delta crucis são estrelas quentes e azul-claras, enquanto Gamma é um gigante vermelho de tipo espectral M
Qualquer pequeno telescópio mostra que Alpha Crucis é um largo e fácil binário de estrelas cujas componentes são de magnitude 1.4 e 1.9 respectivamente, com uma separação de 4.4 arco-segundo e separadas entre si por uma distancia de 320 ano-luz. Cada uma destas estrelas é aproximadamente 1.5 a 2 vezes o tamanho do Sol. Alpha Crucis tem um movimento aparente de 236º, pelo que, na nossa perspectiva, ela parece mover-se muito lentamente na nossa direcção
Beta Crucis (Mimosa) é a estrela mais brilhante do grupo, uma gigante azul-clara com quase 5 vezes o tamanho do Sol, e de magnitude 1.25. Com uma luminosidade 8000, estima-se que a estrela esteja a 580 ano-luz. Mimosa é uma estrela variável
Gamma Crucis (Gacrux) forma o topo da cruz, e embora a sua distancia não esteja ainda devidamente calculada, ela pode ser determinada a partir do método das magnitudes absoluta e visual - o paralaxe resultante é tão grande que pode ser medido. Embora gamma A e gamma B sejam assim chamadas devido a uma suspeita duplicidade (um aparente binário), os factos mostram no entanto que estas duas estrelas se movem em direcções diferentes (174 e 129 graus) - e que por isso não estão gravitacionalmente acopladas
Delta Crucis é o vértice oeste, muito similar em tamanho e distância a alpha Crucis, e é uma estrela variável tipo beta-CMa
A Via Lactea (Milky Way) é extremamente rica na zona do Cruzeiro do Sul e é aí que se encontra o espectacular cluster NGC 4755 (ou Kappa Crucis) usualmente chamado de Caixa de Jóias (Jewel Box). Esta Jewel Box está a cerca de 7700 anos-luz e pensa-se que será um agrupamento de estrelas (cluster) relativamente recente. Observável, mesmo com binóculos, perto da estrela Beta Crucis. Trata-se de um cluster aberto, composto por mais de uma centena de estrelas das quais cerca de 50 são uma mistura de coloridas estrelas super-gigantes vermelhas e azuis misturadas com outras amarelas e brancas numa rica profusão de luz. O cluster é muito recente, talvez não mais  de 10 milhões de anos, e muitas destas estrelas têm uma enorme luminosidade, equivalente à de 100 000 Sóis. A estrela central é kappa Crucis, uma estrela supergigante azul de 6ª magnitude. Estima-se que o cluster Jewel Box esteja a uma distancia entre 6800 e 7800 ano-luz. Para o localizar, encontre-se primeiro beta Circus e desça para Sudeste cerca de 1.5º
Por curiosa coincidencia, esta Caixa de Jóias pode ser vista nas margens de uma famosa nebula escura, o saco de carvão (Coal Sack), embora não haja relação entre eles dado que o Coal Sack se situa a meros 500 ano-luz . Este Saco de Carvão é uma enorme nebula escura a sul de NGC 4755, visível a olho nu. Estas escuras nebulas são nuvens massivas de gás e pó interestelar, suficientemente densas para bloquear a luz das estrelas que se encontram por detrás
estrelas duplas no Cruzeiro do Sul:
Alpha Crucis é de longe a melhor do grupo: um esplêndido binário de estrelas azul-brancas idênticas: 1.58, 2.09; PA 115 grau, separação 4.4”
Beta Crucis tem uma companheira muito ténue (11ª magnitude): PA 322 grau, separação 44.3”
Eta Crucis tem uma companheira afastada, e bastante ténue: 3.6, 10; PA 299 grau, separação 44”
Iota Crucis é um binário de fácil resolução: 4.7, 7.5; PA 22 grau, separação 26.9”
Mu1 e Mu2 Crucis formam um binário fixo, também fácil de observar com pequeno telescópios: 4, 5.2; PA 17 grau e separação 35”
estrelas variáveis no Cruzeiro do Sul:
A constelação Cruzeiro do Sul tem quatro estrelas variáveis tipo beta CMa (também chamadas estrelas beta Cefeides). Trata-se de estrelas gigantes muito quentes que pulsam por alguma inexplicável razão. A sua variação é extremamente pequena (de menos de 0.01 até 0.25 em magnitudes). No cruzeiro do Sul detectam-se as seguintes estrelas variáveis:
Beta Crucis: 1.23 a 1.31 em cada 5h 40m 34s
Delta Crucis: 2.78 a 2.84 em cada 3h 37m 30s
Theta2 Crucis: 4.7 a 4.74 em cada 2h 18m 1s
Lambda Crucis: 4.62 a 4.64 em cada 9h 28m 57s
Mu2 é uma variável tipo gamma Cas: 4.99 - 5.18.
Finalmente, R Crucis não é, como se poderia pensar, uma estrela variável de longo período (tipo Mira), mas antes uma cefeide cuja gama pulsa entre 6.4 e 7.23 a cada 5d 19h 49m 5s
fonte: electronic sky

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